A
evolução, transitando pelo gênero Australopithecus e chegando ao gênero Homo, manifesta
em algumas espécies suas, teve, por acompanhamento, complexas modificações no
lidar com o em-torno. Do uso casual à percepção do utilitário e o chegar à Arte
foram passos, por certo, demorados.
A
evolução do instrumental passou, primeiramente, pelo acaso. O tomar aleatório
de um objeto próximo e a conquista, através dele, de um Objetivo, na deve ter
ficado impressa facilmente nas mentes dos primeiros bem-sucedidos. Porém, hoje
sabemos que a superfamília Hominoidea é uma via da Vida pródiga em aprender.
Idem em transmitir conhecimento.
Não
deve ter também custado muito para que um ancestral nosso percebesse que havia
um vínculo estreito entre a facilidade de se obter um dado objetivo como função
de se ter um certo objeto às mãos. Em outras palavras, se quer algo, precisa
ter um outro algo em mãos. Surgia, assim, a noção de instrumento.
Este
ponto foi inclusive referencial para a definição do nosso gênero Homo. Já fomos
definidos como “animais que usam instrumentos”. Descobrimos, então, que lontras
e abutres, dentre outros, também usam. Mudou-se a nossa definição para “animais
que fabricam instrumentos”. Percebeu-se que corvos e chimpanzés, dentre outros,
também fabricam. Sugeriu-se que nós, humanos, somos “animais que fabricam
instrumentos com senso de futuro”. Só para reconhecermos que chimpanzés, dentre
outros, também assim agem. Acabou-se enveredando, até, pela sugestão de que o
ser humano é um animal que produz Arte. Mais um vez, não nos vimo sozinhos
nesta.
Escreveu-se
muito sobre a “Idade da Pedra”. Esqueceu-se em igual tanto que esta também foi
a “Idade da Madeira” e “Idade da Palha”, que correram juntas e paralelas.
Seja
como for, aparentemente, a jornada começou com o gênero Australopithecus.
Chegou a gênero Homo. Foi uma trajetória da qual selecionamos os Homo habilis de
2,1 a 1,5 milhão de anos atrás, Homo ergaster de 1,8 a 1,3 milhão de anos
atrás, Homo erectus, de 1,8 milhão de anos atrás a 30 mil anos atrás, o Homo antecessor,
de 850 a 750 mil anos atrás, o Homo heidelbergensis, de 600 mil a 20 mil anos
trás, o Homo neanderthalensis, de 230 mil a 28 mil anos atrás e o Homo sapiens,
de 195 mil anos atrás até o presente.
Apesar
de estar relativamente claro que representantes do gênero Australopithecus
chegaram a usar instrumentos, não temos um percepção mais definitiva de que
chegaram a manufaturá-los. Os períodos líticos mais formalmente começaram com a
chegada do gênero Homo, há 2,1 milhões de anos. Adentrara-se o denominado
Paleolítico, dito informalmente Idade da Pedra Lascada ou Primeira Idade da
Pedra, uma divisão da Era Lítica. Foi marcado por um trato ainda muito
rudimentar do material, obtinha a parte mais importante dos seus instrumentos a
partir de lascas de pedra. Abandonava-se, portanto, o antigo uso in natura. Era
o denominado Paleolítico Inferior, Protolítico ou Arqueolítico.
O
surgimento do Homo sapiens trouxe consigo modificações no instrumental, fruto
de uma evolução técnica apreciável, no domínio do retoque. Surgia uma
compreensão da técnica de impactos apropriados em locais selecionados das
pedras. Esta modificação evolutiva do instrumental foi suficiente para que o
ser humano arcaico emergisse do Paleolítico Inferior, passando ao denominado
Paleolítico Médio.
Por
volta de 60.000 anos atrás, a observação do material lítico, em especial as
armas, mostrava o quanto havia o ser humano evoluído. As formas de uma faca, de
uma extremidade de lança ou de uma ponta de seta, mostravam tendência a um
esmero bem direcionado, apesar de não existirem ainda superfícies lisas. Havia
o ser humano desenvolvido a denominada Técnica de Retoques que possibilitava a
confecção de lâminas líticas bem mais afiadas. Adentrara a Humanidade o
denominado Paleolítico Superior, que algumas classificações antigas chamavam
Leptolítico.
Entre
12.000 e 7.000 anos atrás, a Humanidade mostrava modificações tais na sua
manufatura, que revelam estar esta adentrado um novo período. Os restos da
antiga talha grosseira estavam sendo perdidos, sendo um dos aspectos
diagnósticos da mudança a presença de instrumento cada vez mais elaborados, com
superfícies lisas, polidas. Era o fim da antigamente conhecida Pedra Lascada e
a chegada da informalmente denominada Pedra Polida, mais propriamente falando,
o Neolítico. Entretanto, como isso não se fez de um só golpe, mas com
gradações, pois a prática neolítica praticamente varria a paleolítica onde se
instalava, como um fenômeno que viária a se estender por milênios.
Evidenciava-se o instante transitório, que marcou o Mesolítico ou Epipaleolítico,
não considerável uma unidade periódica à parte, mas uma transição, decerto
rica, entre o Paleolítico e o Neolítico.
Entre
12.000 e 7.000 aC nos atrás o Neolítico disseminou-se pelo mundo, varrendo os
traços paleolíticos.
Nas
cavernas de Altamira, na Espanha, entre 16.500 e 14.500 anos atrás, e Lascaux,
na França, entre 14.000 e 12.000 anos atrás, proliferou uma expressão chamada
Pintura Parietal. É aceito que este modo de expressão tenha também surgido e
proliferado em outros espaços. Porém, estas duas são as ocorrências mais
marcantes que persistiram.
Sobre
serem figuras mágicas, objetivando caça, em Lascaux, contaram-se, nas pinturas,
57,10 % de cavalos, 16,60 % de bovinos, 16,30 % de cervos, 6,00 % de caprinos, 1,00
% de felinos, 0,30 % de ursos, 0,16 % de rinocerontes e 0,16 % de renas. Os restos
alimentares encontrados no sítio indicam 88,70 % de renas, 4,50 % de javalis, 4,50
% de cabritos, 2,40 % de lebres, 1,50 % de cervos e 0,80 % de cavalos.
Permanece,
portanto, a questão sobre seu significado.
Uma
primeira abordagem mais consistente, em relação à proposta de divisão entre
manifestações racionais e emocionais pode ser encontrada nas manifestações
escultóricas denominadas vênus esteatopígeas, vênus Paleolíticas ou
simplesmente vênus. As mais antigas encontradas têm idades entre 32.000 a 31.000
anos e 29.000 a 25.000 anos.
As
vênus que primam pela abundância de formas seriam manifestações emocionais,
logo dionisiacas. As que exibem configurações mais longilíneas ou geometrizadas
seriam racionais, daí apolíneas.
O
megalitismo foi uma expressão de lidar humano com grandes blocos rochosos. Suas
presenças parecem sinalizar para tentativas práticas de manipulação para
controle do em-torno. Seriam marcas de uma expressão mais racionalista, daí,
apolíneas.
Os
megalitos poderiam ser simples, como os Men-hires, blocos solitários
trabalhados, que chegaram a mais de 20 metros de altura, pesando quase 350 toneladas.
Outros megalitos simples foram o Lic-Haven, baseado em um bloco vertical e um
horizontal, e o Dol-Men, configurado como dois blocos verticais e um
horizontal, formando um trilito.
Outras
estruturas surgiram, com cobertura de blocos rochosos por areia e material
sedimentar mais fino, formando um monte artificial denominado “tumulus”. Se
nesta cobertura havia quantidade significativa de seixos e blocos, passa a ser
chamado “cairn”.
Grandes
unidades líticas, entendidas como de função defensiva foram a naveta, a nurhaga
e a talaia.
Uma
organização mais complexa de megalitos formou os “arranjos megalíticos”.
Destes,
um primeiro que chamou a atenção foram os alinhamentos de Carnac, na França.
Porém,
aquele exemplar que mais realça um sentido maior é o arranjo megalítico de
Stonehenge. Sua presença é evidência forte de função bem objetiva, realçando
uma característica apolínea.
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